POR QUE VOCÊ SE SENTE CANSADO E SEM ENERGIA – Episódio #957
Apresento aqui um resumo aprofundado e direto da live “POR QUE VOCÊ SE SENTE CANSADO E SEM ENERGIA”, do canal Atletas LowCarb. Neste episódio, a Maria Vitória explica, de forma prática e científica, por que tanta gente come muito, treina e mesmo assim vive cansada — e o que realmente influencia a geração de energia no seu corpo: as mitocôndrias. Vamos te guiar pelos conceitos essenciais, pelas evidências e por recomendações práticas que discutimos ao vivo.
Podcast
Resumo rápido do que você vai aprender
- O que são mitocôndrias e por que surgiram (teoria da endossimbiose).
- Como mitocôndrias geram ATP — e por que elétrons “vazando” viram radicais livres.
- Por que excesso de carboidrato pode atrapalhar a energia (e levar a inflamação, ganho de gordura e fadiga).
- Como gordura e corpos cetônicos são combustíveis “mais limpos” para as mitocôndrias.
- Que adaptações nutricionais e de treino favorecem a biogênese mitocondrial e disposição.

A origem das mitocôndrias (endossimbiose) — por que isso importa
Há bilhões de anos, uma bactéria entrou dentro de outra célula e, em vez de ser digerida, se tornou parceria. Essa história (endossimbiose) permitiu que células únicas se tornassem complexas. As mitocôndrias, hoje, são as nossas usinas de energia — e têm até DNA próprio, herdado pela mãe.

Entender essa origem é importante porque mitocôndrias não são apenas “pequenas máquinas”: quando se lesionam ou desaparecem, a célula perde capacidade energética, aumenta inflamação e os problemas crônicos aparecem.
Como a mitocôndria gera energia — a mágica e o problema
Dentro da mitocôndria ocorre a cadeia respiratória: elétrons se acumulam entre membranas e passam por uma proteína (ATP sintase) que gira e forma ATP — a “moedinha” de energia das células.


O oxigênio atua como o aceptor final de elétrons — quando tudo funciona, sai água e energia. O problema é quando elétrons “vazam” por canais errados: eles se transformam em radicais livres e atacam mitocôndrias, membranas e DNA, causando estresse oxidativo e morte celular.

Resumo técnico (em linguagem prática)
- Glicólise (sem oxigênio) gera pouco ATP (2 ATPs efetivos) — processo primitivo e insuficiente para seres complexos.
- Oxidação mitocondrial (com oxigênio) gera muito mais ATP (≈32–34 ATPs por glicose) — isso permitiu vida complexa.
- Radicais livres são subprodutos inevitáveis; precisamos de um sistema antioxidante eficiente.
Por que comer muito carboidrato pode te deixar cansado
Contraditório na cultura popular: “carboidrato = energia”. Sim, glicose é fonte rápida, mas ela também é reativa e tóxica em excesso. O corpo rapidamente remove glicose do sangue (insulina) e força as células a queimarem essa energia. Quando chega muito de uma só vez, mitocôndrias ficam sobrecarregadas, elétrons escapam e o estresse oxidativo aumenta.

Consequências práticas do excesso regular de carboidrato:
- Aumento de radicais livres dentro da mitocôndria → dano mitocondrial.
- Parte do excesso vira gordura (p. ex. ácido palmítico) dentro da própria célula → resistência insulínica.
- Inflamação crônica subclínica → mais morte celular, mais reparo, encurtamento de telômeros → envelhecimento acelerado.
- Piora do humor, fadiga, queda de disposição e maior risco de doenças crônicas.

Gordura, corpos cetônicos e performance mitocondrial
A gordura, quando oxidada, produz muito mais ATP por molécula que a glicose (um exemplo: ácido palmítico gera dezenas de ATPs). Além disso, em situação de baixo carboidrato a mitocôndria produz corpos cetônicos — combustíveis que:
- Geram energia eficiente com menos radicais livres;
- São anti-inflamatórios e protegem o DNA;
- Ativam sinais moleculares que estimulam a biogênese mitocondrial (produção de novas mitocôndrias).

Estudo citado na live mostrou associações importantes: dieta alta em carboidratos refinados aumentou sintomas de depressão (+38%), desequilíbrio emocional (+55%) e fadiga (+26%). Ou seja: carboidrato em excesso não é sinônimo de mais energia ou melhor humor.
Exercício e mitocôndrias: por que a combinação importa
Treino aeróbico estimula mitocôndrias (biogênese mitocondrial). O aeróbico usa oxigênio e favorece a oxidação de gorduras — as mitocôndrias “crescem” e multiplicam-se. O anaeróbico (tirações, tiros) também é essencial: constrói músculo (mais tecido consumidor de energia) e melhora capacidade metabólica. A estratégia ideal intercala ambos.

Combinar treino aeróbico com dieta baixa em carboidratos potencializa adaptações: aumenta transportadores de gordura e glicose, melhora uso da gordura e estimula criação de novas mitocôndrias.

Implicações clínicas e terapêuticas
- Câncer: muitas tumorações exibem metabolismo glicolítico (teoria de Warburg). Dietas cetogênicas podem ser coadjuvantes ao reduzir fornecimento de glicose e modular inflamação — não são cura isolada, mas podem ajudar como parte de tratamento multidisciplinar.
- Epilepsia refratária: cetose tem efeito comprovado de reduzir convulsões em muitos casos.
- Transtornos de humor: estudos apontam benefício crescente da cetose em alguns pacientes.

O que fazer na prática — orientações aplicáveis
Importante: não é receita única para todos. Cada caso precisa de avaliação. Aqui vão recomendações gerais discutidas na live:
- Reduza carboidratos refinados e ultraprocessados. Menos picos de glicose = menos estresse oxidativo mitocondrial.
- Considere reduzir frequência de refeições. Jejum intermitente ou intervalos maiores entre refeições dão “sossego” às mitocôndrias e favorecem mitofagia (limpeza) e biogênese.
- Priorize gordura e proteínas de qualidade — especialmente se seu objetivo for treinos de longa duração e resistência metabólica.
- Treine aeróbico consistentemente (MAF) e inclua anaeróbico/força em semanas bem planejadas para estimular ambas as adaptações (capacidade oxidativa + massa muscular).
- Se você é diabético descompensado ou está em tratamento medicamentoso: reduza carboidrato sob supervisão médica. Em alguns casos a redução gradual é necessária para evitar sintomas de “hipoglicemia percebida”.
- Proteína: personalize. A quantidade ideal depende do estado nutricional, presença de doença (ex.: câncer), composição corporal e objetivos. Não existe “150 g fixo” para todos.
- Observe laticínios: para algumas pessoas são insulinêmicos e contribuem com acne/inflamação; para outras não. Experimente e observe.
- Procure ajuda comportamental se você não consegue moderar alimentos ultraprocessados — não é culpa sua: é design industrial dos produtos.

Perguntas frequentes (resumo das respostas da live)
Posso cortar carboidrato de uma vez?
Depende. Pessoas com metabolismo mais frágil (ex.: diabéticos descontrolados) podem precisar reduzir gradualmente com equipe multidisciplinar. Para quem está em pré-diabetes ou sem descompensações graves, cortar de uma vez costuma funcionar melhor (há sintomas de abstinência na 1ª semana, mas passam).
Treino anaeróbico é ruim para mitocôndrias?
Não. Ambos são importantes. Anaeróbico constrói músculo (mais “consumidores” de energia), e o aeróbico estimula biogênese mitocondrial. O problema é treinar anaeróbico em excesso sem recuperação — isso aumenta inflamação.
Cetogênica faz perder massa magra?
Não se a proteína for adequada ao contexto. Em casos de doenças (ex.: câncer) ou desnutrição, ajusta-se a proteína por peso ideal e necessidades clínicas. Corpos cetônicos também podem proteger massa magra.

Conclusão
O cansaço crônico não é apenas “falta de vontade” ou “pouco carboidrato”: é, muitas vezes, sinal de mitocôndrias sobrecarregadas e lesionadas por excesso de glicose, inflamação e estilo de vida desencontrado. Estratégias que favorecem mitocôndrias (dieta com menos carboidrato refinado, janelas maiores sem alimentação, treino aeróbico consistente + força, e redução de inflamação) aumentam eficiência energética, disposição e saúde a longo prazo.
Se você se identifica com fadiga persistente, procure avaliação profissional e considere intervenções graduais e monitoradas. As mudanças que vimos na live são profundas, baseadas em fisiologia mitocondrial e evidências — e podem transformar sua energia do dia a dia.

“A verdade pode doer, mas ela te liberta.” — frase destacada na live
Quer seguir o conteúdo original completo? Procure o canal Atletas LowCarb para assistir à live inteira e acompanhar futuros debates e aulas. E lembre-se: qualquer mudança alimentar ou terapêutica deve ser orientada por profissionais de saúde.

