O QUE COMER PARA CONTROLAR O AÇÚCAR NO SANGUE #953

No episódio de hoje do podcast do Atletas LowCarb discutimos, de forma direta e com dados científicos, como controlar o açúcar no sangue usando escolhas alimentares e hábitos práticos. Aqui eu resumo tudo, com exemplos reais, estudos relevantes e orientações que você pode aplicar já — do café da manhã às estratégias para quem já tem resistência insulínica ou diabetes tipo 2.

Podcast

Abertura da live e introdução ao tema

Introdução rápida: por que isso importa

A glicemia descontrolada não afeta só quem tem diagnóstico de diabetes. Pressão alta, síndrome dos ovários policísticos, esteatose hepática, risco de tumores e até demência têm ligação com a glicose alta e com a resistência à insulina. No meu entendimento: não se trata apenas de “controlar” — é possível colocar o diabetes tipo 2 em remissão com alimentação e hábitos certos.

Como o corpo regula a glicose (e por que você não fica “sem” açúcar)

Nosso corpo regula glicose por dois processos importantes: gliconeogênese (produção de glicose a partir de outras fontes, sobretudo gorduras) e glicogenólise (quebra do glicogênio estocado). Ou seja: mesmo sem carboidrato, o fígado mantém glicose circulante. Isso explica por que, em jejum ou após exercício, a glicemia pode até subir — é um mecanismo adaptativo do corpo.

O verdadeiro problema: ultraprocessados, não (só) a batata

Muita gente pensa que frutas, batata ou mandioca são os vilões. Não são — alimentos de verdade, em pessoas metabolicamente saudáveis, são bem tolerados. O problema real é a combinação presente nos ultraprocessados:

  • farinha refinada +
  • açúcar/frutose concentrada +
  • óleos vegetais refinados

Esse “combo” inflamatório piora a resistência insulínica, gera picos repetidos de glicose e insulina e leva à síndrome metabólica.

Café da manhã: não existe regra universal — mas há princípios

Se você gosta de tomar café da manhã, priorize proteína + gordura + vegetais (ex.: ovos, iogurte grego sem açúcar, manteiga, queijo e verduras). Isso reduz picos glicêmicos e evita aquela “lombeira” depois do almoço. Para quem prefere pular, também pode ser saudável — depende do contexto metabólico.

Regra prática

  • Nunca coma doces com estômago vazio.
  • Se tiver que comer algo rápido, escolha proteína + gordura (ex.: iogurte grego + manteiga de amendoim sem açúcar).
  • Evite bolos de arroz, biscoitos de arroz e similares — são “bombas” de glicose.

Resposta individual aos carboidratos: o que a ciência diz

Estudos usando monitor contínuo de glicose mostraram que a mesma refeição causa respostas glicêmicas diferentes em pessoas diferentes. Em um ensaio com 55 voluntários que ingeriram arroz, pão, batata, macarrão, feijão e frutas, alguns tiveram picos maiores com arroz, outros com batata, outros com pão. Ou seja: a tolerância ao carboidrato é individual — e depende do estado metabólico da pessoa.

Importante: adicionar fibra, proteína ou gordura reduz picos em pessoas sensíveis à insulina — mas em quem já é resistente à insulina o benefício é pequeno. Para essas pessoas, reduzir a carga de carboidrato é frequentemente necessário.

O que os estudos de alta qualidade mostram

Uma revisão sistemática e meta-análise em pacientes com diabetes tipo 2 comparou dietas com menos carboidrato (low carb: <45% das calorias de carboidratos) versus dieta rica em carboidrato. Resultado: melhora rápida da glicemia em 3–6 meses, maior redução da hemoglobina glicada nas dietas com menos carboidrato e necessidade menor de medicação para quem faz low carb.

Meta-análise: dietas com menos carboidratos reduzem HbA1c mais rapidamente

Estratégias práticas para controlar o açúcar no sangue

  1. Coma comida de verdade: proteína, vegetais, gorduras saudáveis; evite ultraprocessados.
  2. Ajuste o café da manhã: prefira proteínas e gorduras; evite doces e farinhas pela manhã.
  3. Reduza a carga de carboidratos se já houver resistência insulínica — mesmo batata, mandioca ou frutas doces podem precisar ser moderadas.
  4. Movimente-se após as refeições: 10–15 minutos de caminhada diminuem a glicemia pós-prandial.
  5. Monitore a resposta individual: se possível, use glicemia de jejum, insulina de jejum ou CGM para entender quais alimentos disparam seus picos.
Caminhar 15 minutos após refeição ajuda a reduzir glicemia

Exames e sinais de alerta de resistência insulínica

Alguns indicadores práticos que merecem atenção:

  • Circunferência abdominal: <102 cm (homens) e <88 cm (mulheres) — valores maiores indicam risco.
  • Triglicerídeos: ideal <150 mg/dL (valores acima de 100 já são motivo de atenção).
  • HDL: menor que 60 mg/dL é ruim.
  • Glicemia de jejum: <= 100 mg/dL é normal; acima disso já sinaliza problema.
  • Pressão arterial: <130/80 mmHg ideal; valores iguais ou acima de 130/80 sinalizam risco.

Se você tem pelo menos três desses critérios alterados, provavelmente está em risco de síndrome metabólica ou pré-diabetes. Examine insulina de jejum, perfil lipídico e faça acompanhamento profissional.

Mitos e pensamentos sabotadores

Algumas crenças comuns que precisamos derrubar:

  • “Diabetes controlado” é solução — não: a doença pode estar “controlada” por remédio, mas o dano continua. O objetivo certo é remissão metabólica.
  • “Sem carboidrato eu vou ter hipoglicemia”: na maioria das pessoas, a hipoglicemia de rebote acontece porque o pâncreas libera muita insulina após comer carboidrato — reduzir carboidrato tende a reduzir esses episódios.
  • “Exercício compensa maus hábitos alimentares”: atividade ajuda, mas sem mudar a dieta você baterá cabeça (muitos atletas têm resistência insulínica porque comem mal).

Dicas rápidas e práticas

  • Se estiver sem tempo, leve um iogurte grego sem açúcar + uma colher de manteiga de amendoim (proteína + gordura).
  • Evite doces em jejum; se quiser sobremesa, coma-a após a refeição proteica.
  • Para crianças: substitua suco de caixinha, bisnaguinha e Nutella por opções práticas como castanhas, torresmo, frutas vermelhas e chocolate 70% em pouca quantidade.
  • Ao iniciar low carb/carnívora, desconfortos iniciais (náusea, diarreia, fraqueza) podem representar adaptação — mas revise a abordagem se os sintomas persistirem.

Conclusão: o que você precisa lembrar

1) O vilão principal é o ultraprocessado — não a batata ou a fruta em si. 2) A resposta aos carboidratos é individual: se você já tem resistência insulínica, reduzir carboidratos costuma ser a medida mais eficaz. 3) Uma alimentação ancestral, baseada em comida de verdade, proteína e gorduras de qualidade, combinada com movimento e sono adequado, coloca muitos pacientes com diabetes tipo 2 em remissão e reduz o uso de medicamentos.

Se quiser começar hoje: escolha uma refeição proteica pela manhã (ou pule se seu metabolismo favorecer jejum), troque ultraprocessados por alimentos de verdade e caminhe 10–15 minutos após o almoço. Simples, prático e científico.

Para ver a discussão completa, exemplos e mais estudos comentados, confira o conteúdo do canal Atletas LowCarb.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.