OBESIDADE TEM CURA? ft. Dr. Carlos Bastian – Episódio #332
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Olá, boa noite! E hoje é quinta-feira, 22 de junho de 2023, estamos iniciando mais uma live do Atlético Low Carb, como a gente faz toda semana, já há quase cinco anos, recebendo sempre profissionais da saúde, que se baseiam na mesma filosofia nossa da comida de verdade, ou atletas. Profissionais da saúde, Doutor Carlos aqui, que eu tive a honra já de conhecê-lo pessoalmente, grande profissional, que a gente admira demais, um trabalho belíssimo. Doutor Carlos!
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Muito obrigado por ter aceitado o convite, seja muito bem-vindo.
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Eu que agradeço o convite aí por falar desse tema tão importante aí, né? Obesidade. Doutor, para quem ainda não conhece o Carlos Bastion, fala um pouco para gente quem é o Carlos, onde mora, qual a sua especialidade.
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Então, eu sou médico, né? Sou cirurgião da parede digestiva aqui em Florianópolis, fiz a minha formação aqui da Universidade Federal de Santa Catarina, minha graduação, e a residência de cirurgia digestiva fiz aqui também no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. E meus últimos dois anos de formação foi em São Paulo, no Hospital de Clínicas da USP e endoscopia digestiva, né? Hoje eu trabalho aqui em Florianópolis.
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em vários hospitais aqui da região. Certo, trabalha com pacientes que precisam controlar o peso, ou emagrecer, na grande maioria dos casos, né? Trabalho com obesidade, mas também trabalho com doenças do aparelho digestivo em geral, esteratose hepática, pedra na vesícula, gastrite, vários tipos de câncer do trato digestivo.
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mas obesidade também é uma das abordagens. A gente é um grupo grande aqui e estamos em oito cirurgiões e acabo fazendo alguma parte. Não faço mais cirurgia bariátrica, eu faço mais a parte de endoscopia hoje, mas a gente acaba atendendo pacientes que fizeram cirurgia ou pré-operatório, pós-operatório, coisas assim, a gente acaba atendendo. Doutor, curiosidade, quando foi que teve contato pela primeira vez?
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com movimento o conceito da comida de verdade, low carb, cetrogênica, jejum.
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Eu comecei isso, na verdade quem começou todo esse movimento foi a Mariana, minha esposa, que acabou falecendo ano passado, mas ela que me apresentou, e me apresentou porque eu estava com obesidade, né? Eu acho que quando a gente olha as histórias, eu acho que tu tem uma história parecida também, a gente sofreu na pele isso, então…
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Eu estava com 103 quilos e não só isso, eu estava com síndrome metabólico, então eu tinha pressão alta, a minha glicemia era 116, os triglicerídeos altos, eu tinha crise de gota e daí eu ia num médico, ia num cardiologista, ele me dava remédio para pressão, e no endóptimologista dava metformina, daí estava com um problema de gota, deram remédio quase duro.
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Mas ninguém nunca me falou que o problema estava na alimentação, não na quantidade, e já tinha tentado fazer vários tipos de dieta e com muito esforço perdia assim 5 quilos, 6 quilos e não conseguia sustentar porque passava fome, né? E daí a Mariana inquieta com isso, começou a pesquisar, pesquisar e acho que como a grande maioria caiu no blog do Dr.
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E daí quando ela me apresentou aquilo, eu comecei a ler e tudo aquilo começou a fazer muito sentido, a gente resolveu implementar aquilo na prática. E para minha surpresa eu perdi 10 quilos em um mês, coisa que eu nunca tinha perdido na minha vida. Eu falei, olha, eu vou seguir isso aqui porque tá muito bom de fazer, tá muito tranquilo e tá dando certo. E assim eu fui indo e em três meses eu perdi 25 quilos. E eu mantenho até hoje, é o mesmo peso que eu mantenho até hoje. Isso já faz… E como tá a glicose, a pressão?
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e as crises de gota? Melhorou tudo, melhorou tudo, eu não estou mais em nenhum remédio, eu não tive, nunca mais tive crise de gota e sabe, melhorou, absolutamente melhorou tudo, a pressão normalizou, a glicemia normalizou, os exames todos normalizaram.
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Maravilha, né? E mais um caso, né, que a gente vê de remissão da diabetes, da hipertensão, gota. Gota tá… Inclusive, muitos profissionais ainda associam, recomendam, né, para evitar gota, diminuir o consumo da carne e a abordagem acaba sendo bem diferente do que a gente vê como funciona na realidade, né, doutor? Exatamente. A recomendação que eu tive quando eu tive o diagnóstico de gota…
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foi exatamente o que eu faço hoje. Era… falaram pra mim, não, você não tem que reduzir carne vermelha, não pode comer frutos do mar, não deve tomar vinho. Na verdade, é exatamente o que eu faço. Eu não tenho nenhuma… a base da minha alimentação é proteína de origem animal. E… se eu tomo alguma coisa de bebida alcoólica, eu tomo vinho. Eu não tomo cerveja, eu gostava muito de cerveja, nunca mais.
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E então a recomendação é exatamente ao contrário do que me recomendaram ou que eu faço, se eu nunca mais tive absoluta aminoididade. Então é uma coisa impressionante como funciona, né? A gente vê, depois que a gente vê isso na prática, a gente não consegue mais fechar os olhos para isso. E daí quando a gente começa a ver os trabalhos, o que os trabalhos mostram? Exatamente isso que melhora, para quem tem síndrome metabólico é uma coisa fantástica, né?
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Porque melhora muito e rápido.
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25 quilos em três meses, cara. Depois de sofrer tanto para tentar emagrecer 5, 6 quilos, eu acredito que tinha se exercitado muito, passado fome, contado calorias. Então, e daí, exato, e daí assim, eu fazia, eu jogo tênis até hoje, mas na ocasião eu jogava ainda, mas você jogar tênis com 103 quilos é uma coisa, né? E você jogar tênis com 80. E não é só isso, né, doutor? Como ex-obeso, eu sei muito
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não é só o peso, mas vai muito além, é sobre autoestima, é sobre bem-estar, é sobre autoconfiança, é sobre não ter vergonha do próprio corpo. Então muitas vezes esses sentimentos que puxam para baixo acaba despertando vontade de comer mais, de buscar o conforto na alimentação. E a gente acaba se punindo, não, preciso me esforçar mais e o foco está no lugar errado. Está completamente. Quando a gente pensa, eu falo muito isso para os pacientes, é…
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Esse conceito que a gente tem da obesidade de comer menos e se exercitar mais, ele é falho, ele é muito falho. Então, hoje a gente que está inserido nisso, a gente sabe que a quantidade, às vezes não é o que importa, mas muito mais a qualidade do que você come. E como atividade física, ela não tem um papel tão relevante quanto a gente achava que a perda de peso… Atividade física…
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tem uma série de benefícios que são inquestionáveis, não tem nem o que discutir. Mas como estratégia para perda de peso, ela não é uma boa estratégia, ou se você se exercita muito, vai gastar muito, mas o corpo tem de compensar aumentando o apetite, aumentando a ingestão, né? Então, esse conceito que a gente tem de gastar mais e consumir menos, ele é equivocado.
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equivocaram demais, o indivíduo muitas vezes acaba se punindo, né? Não, eu me esforço demais e não tenho resultado, mas eu acho que está errado, tá errado. O paciente, é, e às vezes o próprio médico joga isso pro paciente, não, você não tá, né, você não tá se esforçando, você não tá, você tá comendo demais, você tá mentindo, né? Às vezes o cara fala, não, tá mentindo, porque uma das coisas, o paciente sempre chega no consultório e fala assim, a grande maioria fala assim, doutor, mas eu não como muito.
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E na grande maioria das vezes você vai ver o paciente não come muito realmente, ele come errado. Só que ele come muito errado e às vezes orientado por profissionais que deveriam, né? Tipo esse negócio de comer de três em três horas e o cara acorda de manhã, o cara já come um carboidrato refinado, ah, mas é um pão integral, é um…
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Então, quando você vai olhar nos pormenores dos exames desses pacientes, o que eles têm? O paciente tem, às vezes, sínia metabólica, tem aquela insulina alta, né? E aí tem uma extrema dificuldade para perder peso. E passando fome, às vezes, comendo pouco, né? O impacto metabólico do alimento é muito mais importante do que a quantidade, né?
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o Carlos, Carlos falou agora, né, paciente relata que come pouco e não consegue emagrecer, até ganha peso e de fato isso acontece porque não é sobre quantidade. O Carlos, eu gostaria até, doutor, se você puder aprofundar um pouco mais, falar sobre isso. Um pouco antes de iniciar live, a gente conversou rapidamente sobre bariátrica, você atende pessoas que fizeram bariátrica, que acontece o reganho e acontece no número alto, estatisticamente, se eu não me engano…
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quase 70% das pessoas que fazem bariátrica voltam a reganhar peso, mesmo comendo bem menos. Isso comprova que não é sobre quantidade, é sobre qualidade, né? Totalmente, totalmente. A gente vê muito isso, né? Principalmente depois dos três, quatro primeiros anos, né? Assim, esse reganho é variável, se você vai ver nos trabalhos, né? Algumas séries mostram reganhos maiores, outros menores.
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Mas o que isso prova muito bem é que o problema não é no tamanho do estômago, né? O problema é, como você falou, é a resposta metabólica que cada alimento tem. Então, não adianta, às vezes você pode tirar o estômago inteiro do indivíduo e ele vai ganhar peso. Isso não tem dúvida, porque… E o que acontece com muito desses pacientes é porque eles querem uma solução rápida, milagrosa,
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E ele não muda hábito. O paciente que mantém, que consegue manter o peso depois é aquele paciente que conseguiu modificar hábito, ele conseguiu modificar o padrão de alimentação dele, ele inseriu a atividade física na rotina dele. Esses pacientes, eles conseguem ter uma manutenção do peso, né? Mas o paciente que não modifica isso, ele acaba, invariavelmente, reganhando peso. O que…
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comprova isso que a gente está falando, né? Que não é uma questão de quantidade do que o indivíduo come. Eu acho que muitas vezes chega até a ser brutal, sabe? Esses profissionais da saúde até que querem vender programas de emagrecimento, porque falam, não, você pode comer de tudo um pouco, mas se exercite mais, não controle calorias, cara, isso chega a ser brutal porque a maioria das pessoas não consegue sustentar isso. Uma alimentação equilibrada, onde o indivíduo come de tudo um pouco,
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o que acaba aumentando a fome, promovendo o acúmulo de gordura e para emagrecer é possível, mas cara, exige muito mais esforço, né doutor? Não tem menor dúvida, André. E eu acho que por isso que eu vejo, é claro que a gente sentiu isso na prática, a questão do low carb, da recessão do carboidrato, que eu acho que a grande vantagem desse tipo de estratégia é que o indivíduo não passa fome, você faz escolhas, que tem coisas que você não vai comer, vai restringir muito, né?
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Mas que quando você vai comer, você vai comer e vai ficar satisfeito, né? Então, você pode perder peso de inúmeras maneiras, isso é fato. Então, se você fizer uma dieta hipocalórica com restrição de gordura, pode, pode perder peso, mas qualquer um que… Eu vou te falar, a experiência própria minha, eu quando, antes de fazer low carb, eu fiz Duca. Eu chamava era Duca.
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que eu passava fome.
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Eu passava fome, eu não conseguia. E com muito esforço assim, eu perdi seis quilos. Foi um negócio frio demais. O cara não aguenta, chega um dia que tu chuta o balde e não quer saber. E com um low carb, não tem isso. Low carb eu vou te falar que eu sofri a primeira semana. Porque eu tava numa situação que eu tava assim, eu terminava de almoçar, eu precisava comer um doce. Eu…
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E daí, três horas depois eu estava com fome já, e aquilo vai virando um ciclo vicioso, vai virando uma bola de neve, e cada vez o cara vai precisando de mais açúcar, né, mais carboidrato e tal. Então quando tu dá aquele choque no teu corpo, aquela primeira semana, a primeira semana o teu corpo fica pedindo açúcar, né, ele fica pedindo aquela energia rápida. Depois que ele muda a chave metabólica, que ele entende, ó, não tem mais isso, eu vou ter que me virar com o que eu tenho, e eu tenho bastante, e a gordura, aí o cara começa a se sentir…
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energizado, né, porque daí tu tem uma fonte enorme de energia que tu estocou ali e o teu corpo começa a usar aquilo, e daí aquilo passa, e daí você começa a ver os benefícios da estratégia, e daí a melhora é rápida, né? Claro que isso é muito variável de pessoa pra pessoa, às vezes se você pegar um indivíduo que tem obesidade mais tempo, ele vai sofrer mais, essa mudança dessa chave metabólica, ela demora mais, mas ela acontece.
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A questão é o indivíduo não sucumbir nesse primeiro momento, porque depois que ele vai, ele engatilha ali, ele vai, daí ele começa a perder e vai bem. A questão comportamental é que a barreira no início da maioria das pessoas, mudar hábitos, o hábito de comer com menos frequência, de comer com mais qualidade, esse doce como sobremesa, cara, isso vicia.
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e deixar o hábito, começar a cultivar melhores hábitos é que exige mais esforço, mas depois que você começa a estabelecer os novos hábitos, tudo começa a fluir mais simples, né? Com certeza, essa fase inicial de mudança de hábito é sem dúvida a mais difícil, né? A mais difícil, essa fase de adaptação do paciente. Depois que o paciente está bem adaptado…
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ele começa a sentir os benefícios, ele vai, eu acho que ele vai, eu sempre falo para o paciente, às vezes você precisa dessa ajuda inicial no início, é que nem andar de bicicleta, olha depois que você aprendeu a andar, ele vai por conta própria, ele vai entendendo que no início, eu quando eu comecei a fazer, isso eu acho que é uma coisa geral, o que o indivíduo quer? Ele quer ter uma alimentação muito próxima do que ele tinha, então ele quer continuar, ele tem a dificuldade de tirar o pão, ele quer às vezes ficar comendo um docinho,
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Ok, eu acho que numa fase inicial, às vezes você consegue, hoje tem produtos que dá pra substituir e tal, mas eu vou te falar por mim, eu digo assim, eu fiz isso no início, depois o cara desapega disso, entendeu? E ele… e como é libertador, porque você não precisa mais ficar comendo toda hora, você… eu… Hoje, normalmente, eu faço duas refeições ao dia, almoço e eu janto. Eventualmente, eu só janto.
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porque às vezes o dia está corrido, não sei o que… Eu não como, eu só vou comer à noite, daí eu como bem à noite, tranquilo. Eu não tomo café da manhã já desde essa época que eu comecei a fazer low carb, eu não tomo café da manhã primeiro porque eu nunca senti fome de manhã. Eu me obrigava a tomar, porque a gente tem aquele mantra de que o café da manhã é refeição mais importante, então o cara acordava e fazia o café. Hoje eu não tomo mais, há muitos anos eu não tenho fome de manhã, eu vou ter fome lá no horário do meio-dia e se eu não comer…
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Essa fome passa e eu consigo ir até a noite. E, assim, eventualmente eu faço jejum mais prolongados, mas não tenho o hábito de fazer… Já fiz mais, sabe? Hoje eu não faço tanto. Mas eventualmente eu faço três dias, assim, só com líquido, né? Não calórico. Mas eu não tenho… Faz algum tempo que eu não faço isso, mas, assim, uma refeição ao dia, frequentemente eu faço.
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Como um profissional experiente na cirurgia do aparelho digestivo, eu queria saber a tua opinião. Ou quais são as diretrizes que permitem que tornam apto um paciente a fazer redução de estômago, doutor?
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Você diria quais são as indicações atuais para se fazer isso? Isso, isso. Para tornar apto, na verdade. Porque muitas pessoas querem ser emagrecidas. Elas acham que a cirurgia vai ser o determinador do emagrecimento. A gente sabe que a maioria das pessoas hoje, estatisticamente, voltam a ganhar peso. Então, primeiro, quais são os critérios que tornam a pessoa apta à cirurgia?
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Hoje, para a pessoa fazer cirurgia, em teoria ela tem que ter alguns critérios, né? Um deles é ter o… já ter tentado ter passado por tentativas frustradas, de emagrecimento, essas tentativas clínicas, né, frustradas, e o paciente ter IMC acima de 40, né? Sem comorbidades, ou acima de 35 com alguma comorbidade, tipo hipertensão, diabetes.
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Ele é um paciente que é candidato a fazer a cirurgia bariátrica. Hoje, o que eu vejo é que muitos pacientes… A cirurgia, ela é muito super indicada, ela está meio banalizada, né? As pessoas, às vezes, querem essa resposta rápida, querem esse emagrecimento rápido e acabam optando pela cirurgia, muitas vezes até chegam a engordar para conseguir atingir critérios, né? Porque, às vezes, não tem o peso adequado.
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Porque daí ela vai lá, chega ao Pera e ela acha que aquilo vai ser a salvação na vida dela e ela não mudar. Pra pessoa ter resultado diferente, ela tem que modificar o que ela estava fazendo até aquele momento. Ela não vai ter resultado diferente fazendo as mesmas coisas. Então isso é uma coisa que tem que ficar bem claro. Pra pessoa mudar, pra ela conseguir resultar diferente, ela tem que fazer coisas diferentes.
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Tá muito banalizado. E, doutor, eu tenho feito essa pergunta praticamente todos os convidados aqui. Há poucas décadas, eu falo poucas décadas, lá nos anos 1960, 1950, era raro, encontrava-se, mas era raro encontrar um adulto com obesidade, com diabetes tipo 2, hipertensão, com gordura no fígado. Hoje não só é comum, como a gente tá vendo crianças crescendo assim, com obesidade, com pré-diabetes, diabetes, gordura no fígado.
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E aí eu queria saber a tua opinião, onde é que a gente está errando?
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Bom, eu acho que a gente está errando na questão básica da nutrição mesmo. A gente, assim, a Mariana, a minha esposa, estava fazendo nutrição, né, na ocasião, antes dela falecer e a gente, ela estudava para as provas e às vezes a gente fala assim, meu Deus, olha o que ensino ainda na faculdade. E eram umas coisas absurdas, assim, sabe?
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E é a formação, hoje é a formação da pessoa da nutrição, poucos conseguem abrir a cabeça e sair e pensar fora da caixa e analisar isso. Então, é muito difícil para o paciente, o paciente, muitos pacientes querem, eles seguem a orientação nutricional, eles seguem as diretrizes médicas, só que enquanto a diretriz estiver equivocada, o resultado vai ser o mesmo. E a gente vê isso dentro da medicina, o que é a mesma coisa.
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Primeiro que, dentro da Faculdade de Medicina, pouco se estuda sobre nutrição, o que é uma grande falha ao meu ver, porque… E eu me incluo nisso, eu não entendi absolutamente nada, eu fui entender porque eu sofri na pele, daí eu fui atrás disso, e quando eu comecei a enxergar isso, eu vi, meu Deus, tudo que me ensinaram até agora está completamente equivocado. Então, quando a gente vê diretrizes que são feitas por sociedades que deveriam…
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presar pelo melhor pelo paciente, as diretrizes são equivocadas, a gente está com um problema muito sério. Eu estava conversando esse dia com o Dr. Ricardo Matos, cardiologista, ele postou um negócio muito interessante, porque há uma associação brasileira de obesidade, falando que low carb não é sustentável, então não deveria ser orientado para os pacientes, eu falei, meu Deus do céu, a grande maioria, o Ricardo falou,
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muitos pacientes meus conseguem seguir por quatro, cinco, seis anos isso. E é claro, eu vou te falar que se tem uma coisa que eu acho que é sustentável, é restringir o carboidrato porque o indivíduo não passa fome, o que não é sustentável é ficar tomando shake, ficar contando caloria, ficar… Entendeu? Só que quando uma sociedade que deveria prezar pela ciência, pelo melhor da ciência, posta isso, então até o próprio profissional de saúde que está ali, ele fica…
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Meu Deus, o que eu devo seguir, né? Então, é difícil. Então, o erro ele tá… Eu acho que vai… Eu sempre falo isso. A gente vai piorar muito ainda para começar a melhorar. E a ciência sobre low carb é muito robusta, né? Quando a gente olha do ponto de vista científico, cara, praticamente não tem o que contestar, né, doutor? Não tem, não tem. Isso pra mim é o maior absurdo, porque… Quando a gente pega os melhores trabalhos, que são os ensaios clínicos andomizados…
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e tem muito ensaio clínico randomizado, mostrando que low carb é muito superior às outras dietas, não tem muito o que questionar. Inclusive na adesão a longo prazo, né? Isso, só que qual é o problema? O que eles falam é porque a maioria desses trabalhos, eles não têm um segmento longo, porque é muito difícil de fazer isso, né? Como é que você vai ficar controlando o indivíduo durante três, quatro anos, vendo que ele come é difícil?
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Tá até do ponto de vista financeiro, como é que vai financiar um negócio desse? É diferente quando você testa uma droga, em que o laboratório tá bancando aquilo, e que ele vai ter um lucro absurdo depois, a hora que a droga entrar no mercado. Então, os follow-ups, os seguimentos são de anos, né? O paciente consegue ser seguido antes de outra coisa, ele tem que tomar uma pílula. É muito mais fácil controlar do que ficar controlando o que o indivíduo come, né? Então esses trabalhos são difíceis de fazer. Mas isso não quer dizer que não funciona.
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Funciona e funciona muito bem. E outra coisa, é daí a apar que depois de um ano o indivíduo reganha peso. É claro que mesmo dentro de low carb existe uma parcial de pacientes que não conseguem seguir aquilo e acabam retornando. Mas isso não é para low carb, isso é para tudo. Isso é para qualquer dieta. O indivíduo ele acaba não conseguindo, ele sucumb, ele acaba não conseguindo seguir aquilo por um longo prazo. Mas não quer dizer que a estratégia não funciona.
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E voltando para a criança, doutor, você sabe mais do que ninguém que já, há cerca de um ano, um ano e meio, já se fala, já se pratica. Eu acho que no Brasil, variado que em criança. Qual a tua opinião sobre isso? É um absurdo, né? É um tremendo absurdo. Então, e isso eu acho que é uma dificuldade enorme também, a gente estava discutindo isso no último evento aqui no Brasil, o Low Carb.
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como é difícil dentro da escola você modificar aquilo que tem na lanchonete, né? Porque o que é o saudável? É o suquinho, entendeu? Eu estava falando, desculpa doutor interromper, mas eu estava falando com a minha esposa isso essa semana, a gente estava na escola, teve um evento com meus filhos, eu fui pegar um café na cantina e lá tinha um cartaz grande, temos lanche saudável, como se isso fosse um diferencial na escola, cara, que bizarro isso. Exatamente.
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O meu filho recebeu esses dias uma opção de lancheira saudável. E daí o que é lancheira saudável? É um sanduíche com pão integral e um suco.
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Ou seja, está trocando mais ou menos seis por meia dúzia ali, porque vai comer, tá bom, vai comer um pouco mais de fibra, sabe? E eu, boa, a última vez que eu falei mal de suco, eu fui apedejado aí por um monte de nutricionista. Mas, cara, aquilo ali, isso aí assim, tem muito trabalho mostrando que tu quer fazer com que o divíduo desenvolva esteratose hepática, tu dá frutose pra ele, dá sua frutose concentrada.
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Isso pode vir na forma de sacarose ou na forma de frutose pura, porque aquilo é metabolizado no fígado, usa a mesma via metabólica do álcool, aquilo induz e desteatose, entendeu? Então, po, não é saudável, ok? Ah, mas tem um monte de micronutriente, ok, mas você tem outras fontes pra isso agora, não precisa ingerir uma bomba de frutose pra conseguir micronutriente, entendeu?
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E tá muito associado, né, à alimentação infantil, à festinha de criança, a docinhos. E, cara, toda festa de criança é repleta de açúcar. E não é a toa que a gente tem visto cada vez mais o número crescente de crianças com esteratose hepática, né? Sem dúvida, é a principal doença hepática em criança hoje, né? E não só isso, sabe que várias coisas andam de mãos dadas, né? A gente vê hoje criança com síndrome metabólica, a esteratose hepática é a manifestação
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uma boa parte desses pacientes, né? E não só isso, a gente começa a ver, por exemplo, crianças com pedra na visícula, que é uma coisa que está muito associada à resistência insulínica, então, pô, as doenças, as crianças com hipertensão, criança está desenvolvendo doença de adulto na fase infantil, então, isso é um problema muito sério.
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E assim hoje a gente sabe que vários tipos de câncer estão associados à obesidade. E isso é uma coisa que eu vejo na minha prática clínica, porque câncer coloretal, câncer do intestino, é um dos tumores que está associado à obesidade. E o que a gente tem visto nas últimas décadas é que está crescendo a incidência.
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está crescendo tanto que a idade para rasteiramento, que era de 50 anos, caiu para 45.
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Por que? Porque um dos principais fatores de risco para ter câncer coloretal é estar acima do peso, ter obesidade e ser diabético. Então isso agora de fato, daí quando você vai ver nos principais veículos e tal, o que que se divulga sobre o câncer coloretal? Que problema está na carne vermelha? Então a gente tem um problema sério, entendeu? Porque é uma desinformação e daí a gente não
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Então, as pessoas elas tendem a seguir as orientações médicos e nutricionais. E se todo mundo está seguindo as orientações, ou a grande maioria das pessoas está seguindo, e o problema só está piorando, eu acho que a gente tem que parar e rever o que está sendo orientado, porque não está funcionando.
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Aproveitando o tema, doutor, qual é a relação do consumo de carne e câncer?
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André, não tem nenhuma relação, se você pega os trabalhos com o melhor nível de evidência, não há nenhuma relação, não se consegue comprovar essa associação. Por que associação? Esse é o problema, né? A maioria dos trabalhos mostra uma associação. Normalmente o indivíduo que come carne vermelha, ele tende a ser o indivíduo que se preocupa menos com a saúde. Então, dentro desse grupo, já entra o cara que fuma, entra o cara que bebe.
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a carne vermelha, quando eles botam a carne vermelha, às vezes muitos trabalhos incluem ali carne processada, tipo hambúrguer e coisas assim, então o problema não está na carne vermelha. Quando a gente isola esses fatores a gente vê que isso não é uma verdade, entendeu? E é o mesmo que se faz para o consumo de fibra. Não dá para se afirmar hoje que ficar consumindo fibra, isso é um fator protetor para as doenças do intestino, entendeu? Então hoje, para mim, olhando isso de fora assim e vendo…
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que é bem estabelecido e de fato trabalhos mostram isso, o que está associado a câncer coloretal e não só câncer coloretal, diversos tipos de câncer é ter resistência à insulina. Então, indivíduos obesos, indivíduos diabéticos, indivíduos com síndrome metabólico, esses indivíduos têm mais chances de ter câncer coloretal, não só câncer coloretal, câncer de mama, câncer de ovário, câncer de rim, tireoide, pâncreas.
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Então, isso que a gente espera nas próximas décadas, eu não tenho dúvida que todo esse tipo de câncer, ele tende a aumentar. Porque obesidade, diabetes, acínio metabólico são doenças que vem crescendo, vem aumentando cada vez mais. E como eu te disse, eu acho que deve piorar muito ainda antes de a gente começar a ter uma melhora. E low carb é uma excelente ferramenta para remissão da resistência insulínica, né? A melhora, melhora, e não tem remédio para isso.
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Essa é a questão, não tem remédio. Os remédios eles… Tanto que os remédios para diabetes, eles atuam na glicose, mas… É claro que… É claro que o indivíduo, depois que ele… Que ele perde peso, a resistência à insulina acaba melhorando também. Mas low carb começa a fazer isso muito antes de o indivíduo perder peso. A gente sempre fala isso.
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para os pacientes porque paciente que é hipertenso, por exemplo, às vezes ele começa a fazer low carb e uma das primeiras coisas que começa a melhorar é a pressão. Então, às vezes, antes mesmo do indivíduo perder peso, às vezes ele já tem que reduzir a dose do remédio da pressão, às vezes ele tem que tirar o remédio da pressão, porque é uma das coisas que começa a melhorar bem antes do indivíduo perder peso. À medida que os níveis de insulina vão caindo, essas coisas vão se ajustando. Então, eu não tenho a menor dúvida que é a melhor estratégia para isso.
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E falar de remédio, eu me lembro quando eu estive no Brasilocarb, você palestrou lá, se não me engano, sobre esteatose hepática, falou dos mecanismos e deixou muito claro, gostaria que falasse aqui também, cara, hoje não tem remédio que trate a esteatose. Eu vou falar aqui, entre em emissão, se a causa é a alimentação, melhorando a alimentação é plenamente possível fazer com que a gordura não figa do sumo, né? Perfeito.
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A esteratose hepática, para quem está nos ouvindo não sabe, né, é a deposição de gordura no fígado. Mas essa deposição de gordura no fígado, ela tem algumas causas, uma delas é consumo excessivo de álcool e outras doenças hepáticas, mas o que vem crescendo absurdamente, talvez seja hoje a principal causa, seja a esteratose associada às doenças metabólicas. E a causa disso, a causa dessa gordura no fígado não é…
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o excesso de gordura na dieta, mas o excesso de carboidratos na dieta. E dentre eles a frutose exerce um papel especial ali. Porque quando a gente come glicose, quando a gente come pão, por exemplo, que é um amido, é um polímero de glicose, uma glicosezinha vai pro cérebro, uma vai pro rim, uma vai pro dedão no pé, todas as células do corpo utilizam a glicose como fonte de energia. A frutose, ela particularmente, a grande maioria dela é usada pelo fígado.
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e ela usa mesmo a via metabólica do álcool, então ela acaba induzindo a esteratose hepática. E um fígado esteratótico é um fígado que fica completamente doido do ponto de vista metabólico, então ele começa a jogar mais glicose para a corrente sanguínea e ele vai fazendo uma exculemação. Além disso, o paciente que tem esteratose hepática, na grande maioria das vezes, ele não vai morrer pelo fígado.
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Então quando a gente vê um indivíduo que tem a gordura no fígado, ele chega no teu consultório preocupado com o fígado. E daí você vai avaliar os pormenores e o que ele tem? É um paciente que tem um risco cardiovascular muito mais alto, ele vai morrer do coração, ele não vai morrer do fígado, a grande maioria deles. E a segunda causa de morte em pacientes que têm esteatose moderada, se vera, não é o fígado também, é tumor.
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só depois o fígado realmente vai ser a causa. O paciente pode ter esteatose e evoluir para cirrose, hoje é a principal causa de transplante em muitos lugares, não é bebida, não é hepatite C, hepatite B, é esteatose ou esteato hepatite que evolui para cirrose provocada por doenças metabólicas.
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Esses dias eu vi uma notícia, doutor, de um famoso, desse cantor sertanejo, que adquiriu a estetose hepática não alcoólica e o diagnóstico lá do médico, que eu li na reportagem, dizendo que a causa seria comer mais calorias e gastar menos. Isso fica muito genérico, né? Isso pode ter uma certa relação, mas no caso da estetose hepática não alcoólica, também a gente precisaria entender o contexto. Como o doutor deixou claro, cara, hoje a gente vem vendo um número crescente e também um número crescente no consumo…
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de substâncias doces, suco de caixinha, refrigerantes, achocolatado, geleia, bolos, tudo que tem muito açúcar, que é metabolizado no fígado, sobrecarga hepática, gera gordura alí. Em linhas gerais, seria isso, né? Exatamente, é exatamente isso. Então, eu costumo falar pros meus pacientes, às vezes quando um paciente vem no consultório, eu falei, menino, quando tu sair na rua, sai e observa na rua o que que tem de comércio na rua pra você ver. Então, é padaria, é café, né?
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farmácia, um monte de farmácia, e basicamente o que serve naqueles lugares ali? É farináceo, é açúcar, entendeu? O consumo de açúcar cresceu absurdamente nos últimos 100 anos aí, né? Então, e hoje a gente tem, a gente quer a praticidade, a gente quer a facilidade, então essas coisas, o cara vai no mercado, compra coisa que tá ali na prateleira que dura meses ali, pode ter certeza que tem açúcar embutido ali, às vezes não na forma explícita ali, açúcar, mas tem.
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E comida estraga. Comida é aquilo que você compra que se você não botar na geladeira e fizer logo vai estragar. Isso é comida. Então ninguém para no meio do dia para comer um bife, para fritar um ovo, né? As pessoas querem a praticidade, então ela vai ali no cafezinho e quantas vezes eu sempre falo isso também, assim, o paciente chega, ah, porque eu preciso comer um bolinho de tarde, preciso tomar um cafezinho, é um…
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É quase como um hábito que a pessoa tem, ela tem que ter aquela coisa de parar um pouquinho para comer um docinho e tal. Então é difícil, assim, emagrecer fazendo isso é possível? É, mas é extremamente difícil.
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Cara, e vicia, né? Vicia. E certo dia, doutor, vez ou outra eu conto essa história na pós-graduação de nutrição esportiva, tinha um professor que a gente estava começando a conversar sobre a qualidade da alimentação e ele acabou sendo bastante arrogante, tentando assumir o papel de professor, falando, eu faço qualquer pessoa emagrecer comendo 500 calorias de brigadeiro por dia. Cara, pode emagrecer? Pode, mas o preço vai ser alto, né doutor? Exatamente, pode emagrecer, esse é muito…
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bem colocado, porque pra emagrecer a gente precisa ter déficit calórico, isso é fato, bem é inquestionável isso, mas a maneira que você obtém esse déficit calórico, você pode com certeza comer só brigadeiro uma vez ao dia e 500 calorias, mas por quanto tempo você consegue sustentar isso e qual o impacto que isso tem no teu corpo, né? Do ponto de vista nutricional o que que tem ali? Nada, né?
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Então, e essa que eu falo que é a grande vantagem de fazer uma dieta com ressono e carboidrato, porque é uma alimentação que do ponto de vista nutricional ela é densa. Então, o indivíduo ele tem uma saciedade, ele fica saciado, ele não passa fome e o déficit calórico ele acaba sendo automático. Eu não conto caloria, não conto, há muitos anos, entendeu? E não passo fome. Então…
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Quando eu descobri isso, para mim foi libertador, foi fantástico, porque é muito bom, né? A gente pode comer um monte de coisa boa, não passa fome e emagrece. Perfeito, o impacto metabólico, por exemplo, se um indivíduo consumir 500 calorias de brigadeira, nem sei agora, depende do tamanho da brigadeira, mas vão ser dois, três brigadeiras. Cara, se for consumir 500 calorias de ovo, vai ser muito ovo, né? É muita coisa. Com certeza.
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E você vai ver a quantidade de micronutrientes que tem. Nem se compara, né? Só que é complicado, porque quando você… Eu vou te contar um caso que aconteceu comigo. Então, uma paciente jovem, 40 e poucos anos, veio para o meu consultório com câncer coloretal. Era um câncer a princípio precoce, dava para ser ressecado por colonoscopia. E ela chegou no consultório, ela… espantada, tipo assim, como é que eu tenho isso? Me perguntando, como é que eu…
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Como é que eu desenvolvi isso? O que eu tenho que fazer na minha vida? Eu falei, olha, tu estás acima do peso. E ela me mostrou os exames dela, eu falei, e tu está com diabetes? É, eu sei, eu descobri agora que eu estou com diabetes e eu inclusive já estou numa nutricionista. E daí ela me mostrou a receita da nutricionista. Não dá vontade de chorar? Porque ela não vai melhorar nunca do diabetes. Entendeu? E é uma paciente que se você botar uma terapia de receção de carboidrato, ela vai botar a doença em remissão.
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Porque ela abriu o quadro de diabetes a pouco tempo, o pâncreas dela é bom, funciona bem, então a hora que você restringir carboidrato pra ela, ela melhora absurdamente e bota a doença em remissão. E isso diminui o risco dela ter um novo câncer ou dela ter uma doença cardiovascular. Só que o profissional que deveria orientar isso, ela, lá, acha que low carb é uma bobagem, entendeu? Então, o que não funciona, o que é uma dieta restritiva, o que é uma coisa da moda…
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e que a gente sabe que não é. Quando a gente vai ver os trabalhos, a imensa maioria dos trabalhos mostra o quê? Que você bota doença em remissão, que você tem controle, um controle mais adequado da hemoglobina glicada, redução dos níveis de insulina, redução do processo inflamatório. Então, é inquestionável.
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E são dezenas de estudos comprovando isso, dezenas de ensaios clãs escondomizados, não se contestam. E aí vai muito mais da ideologia de cada profissional, porque eles criam uma barreira. Acham que low carb é dieta da moda, cara, a espécie humana sempre se alimentou a low carb. Exatamente. E a pirâmide alimentar foi criada na década de 90. E a gente vive num mundo cada vez mais gordo e doente, né, doutor? Não tem dúvida, André.
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esses tempos eu tava lendo um outro trabalho que mostra o seguinte, uma das coisas que tá muito associada à obesidade é câncer de pâncreas, né? E isso é uma das coisas que eu trato bastante e câncer de pâncreas eu tenho visto cada vez mais, né? E é triste porque é um tumor que é extremamente agressivo e na maioria das vezes que chega pro médico, às vezes não tem nem o que fazer, é só palhação e dá conforto paciente porque às vezes não dá nem mais para operar. E o câncer de pâncreas,
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não diria os principais, mas são fatores de risco, obesidade e diabetes, além de tabagismo, utilismo, mas obesidade e diabetes são fatores de risco bem importantes. E existe uma estatística que no ano de 2030 a segunda causa por mortalidade por câncer, por neoplasia, vai ser pâncreas. Hoje eu acho que é a quinta, se eu não me engano, mas a tendência pelo andar da carruagem é que em 2030 isso seja o segundo tumor que mais mata.
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é um absurdo. Então, quando a gente pega que hoje no Brasil a gente deve estar em torno de 25% de indivíduos com obesidade, obesidade, a gente não está falando de sobrepeso, se a gente botar sobrepeso e obesidade junto passa a mais da metade da população, ou seja, sabe, as pessoas estão achando isso normal, isso está ficando normal, e nos Estados Unidos isso é muito pior ainda. Então, é…
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é um problema de saúde pública que a gente tem e que a gente vai pagar um preço muito alto ainda, porque como eu disse, a gente até todo mundo consegue enxergar, abrir os olhos para isso e tal, vai demorar um tempo e a gente vai pagar esse preço. Inclusive, há poucos meses, acho que há dois meses, foi publicado o resultado de uma pesquisa que fez uma previsão, se eu não me engano, para 2035.
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A previsão é mais da metade do planeta Terra com sobrepeso, obesidade. Não é natural um ser humano ter sobrepeso, desde que coma comida de verdade. Na natureza não teria sobrepeso. Então quando você tem essa dieta equilibrada, a gente vem vendo as coisas desandarem muito rápido. Não só isso, eu costumo falar no meu consultório, porque a imensa maioria das coisas que eu atendo, elas têm relação muito clara com a alimentação.
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e o paciente chega lá às vezes se questionando, por que que eu tive isso? Aí você começa a explicar pra ele e tal, e às vezes eles ficam meio espantados. Mas como ninguém me falou isso? Eu falei, pois é, porque se as pessoas comecem de acordo com o que elas foram desenhadas pra comer, provavelmente eu perderia meu emprego, porque as coisas que eu trato, elas estão de braços dados com a alimentação. Cetatose hepática, doença do refluxo, pedra na vesícula, câncer de intestino…
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Tudo, basicamente tudo, o grande fator de risco é a alimentação. Eu costumo falar assim, o que adoece o indivíduo? Quem é, por exemplo, o indivíduo que tem câncer de pulmão? Normalmente é aquele cara que fuma todo dia. O indivíduo que tem cirrose é aquele cara que bebe todo dia. O que você faz todo dia da sua vida? Você come? Então você deveria pensar muito bem no que você come, porque o que vai te adoecer é aquilo que você faz todo dia da sua vida. Uma delas é a alimentação. Só que as pessoas…
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Elas às vezes ignoram isso ou às vezes elas recebem uma recomendação que é equivocada.
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É pesado, doutor. E tudo que a doutora estava falando aqui, doutor Carlos, tá? Tudo, ou quase tudo, tem uma forte ligação, uma correlação forte com a obesidade. E aí eu quero te perguntar, doutor, existe obeso saudável?
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Muito difícil, eu não diria impossível, mas eu diria muito difícil, porque a obesidade por si só, ela é um estado pró-inflamatório. O tecido adiposo, ele não é simplesmente um depósito de gordura. A célula adiposa, do ponto de vista hormonal, ela produz uma série de citocinas, que são proteínas inflamatórias, então o indivíduo obeso, ele está sempre um pouquinho inflamado.
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E a gente consegue ver isso nos exames laboratoriais, os pormenores, às vezes o indivíduo tem um PCR, que é uma prova de atividade inflamatória um pouquinho alta, às vezes ele tem a ferritina um pouquinho alta, e essa ferritina muitas vezes é tratada de maneira equivocada, o indivíduo, olha, você está com excesso de ferro no corpo, você tem que tirar carne, porque esse excesso de ferro não é, aquela ferritina ali na maioria das vezes, ela é um marcador inflamatório. Então o indivíduo obeso, ele está sempre meio inflamadinho.
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E o que está a raiz dessas outras doenças que acompanham a obesidade, muitas delas é esse processo inflamatório crônico subclínico. O câncer é uma delas. Esse processo inflamatório crônico subclínico, ele cria um ambiente propício para o desenvolvimento do câncer. Então, e a gente observou isso muito na pandemia de Covid, por que os pacientes acima do peso, eles tinham uma mortalidade muito mais alta?
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Porque o Covid ele basicamente ele faz uma reação inflamatória no corpo, então você pegar uma doença que faz uma reação inflamatória no indivíduo que já é inflamado, você joga gasolina na chama, né? O indivíduo incendiava, ele fazia uma reação inflamatória que ninguém pegava mais, ninguém buscava, não tinha remédio que dava conta. Então é muito difícil, obesidade ela é uma condição.
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que aumenta muito o risco de você ter outras doenças, né? É muito difícil o indivíduo ser obeso e saudável. Os exames laboratórios até podem passar uma falsa sensação de segurança, né? Não, minha glicose, a pressão, as taxas estão boas. Mas a gordura abdominal, a gordura visceral, por si só, já aumenta riscos, né? Exatamente, exatamente. Se você ter gordura visceral, isso não é saudável em hipótese nenhuma, né? Então…
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E como você falou dos exames, muitas vezes os exames são interpretados erroneamente, porque às vezes o indivíduo tem uma glicose boa, mas quando você vai ver os níveis de insulina dele, estão lá na altura, então quer dizer o quê? O pâncreas do indivíduo está dando um gás para conseguir manter aquela glicose no nível que às vezes já está meia boca, ali 99, 101 e o pâncreas dele está sobrecarregado fazendo aquilo, né? E isso é um problema.
46:30
que você é um problemaço.
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Uma pergunta complexa agora, doutor, qual é a causa da obesidade? Essa pergunta realmente é complexa, é… Obesidade é um problema multifatorial, isso é fato. Existem questões genéticas, existem indivíduos que têm uma propensão maior, né, isso é fato. Então, por exemplo, crianças que são filhas de pais obesos têm uma tendência maior a desenvolver obesidade.
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Mas é uma doença ambiental, o ambiente que o indivíduo está inserido, ele vai desencadear tudo aquilo. O gene, a genética, ela não é uma sentença, isso é para tudo, na maioria das vezes é o que desencadeia o ambiente. Então, a gente vive num ambiente obesogênico, se a gente sair de casa e for comer fora de casa, é muito difícil, cara.
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conseguir, e é como você falou, é difícil controlar porque esses alimentos ultraprocessados, essas coisas com muito açúcar, elas são palatáveis, hiper palatáveis, deliciosas, aquilo ali é feito para o indivíduo comer a mais. Então, é muito difícil o cidadão ter alto controle sobre aquilo, alguns, alguns felizardos conseguem, mas a grande maioria das pessoas não
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que estou ganhando peso, às vezes ele não se dá conta do que ele está fazendo, que são, às vezes, pequenas alterações na alimentação, que ele está fazendo, que estão dificultando esse processo todo. E daí, quando você perde tempo e explica isso para o paciente no consultório, muitas vezes ele fala, mas ninguém nunca me falou isso aí. Eu falei, então, tenta, tenta aplicar isso na tua vida e depois volta daqui um mês aqui para ver. A grande maioria deles perde peso, perde. Então, eu diria que hoje o problema…
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o ambiente em que a gente está inserido, ele é propício ao desenvolvimento da obesidade.
48:40
Perfeito. E dentre as ações que a gente pode tomar, o que é que pode influenciar? Por exemplo, o sono influencia, né? Tem um impacto metabólico que aumenta desejos compulsivos, aumenta fome, enfim, liga o modo hormonal para comer mais. O sedentarismo também favorece, né? Mas eu entendo, doutor, que a escolha alimentar tem um peso soberano aí, 90%. 90%. É a qualidade do que se come, né? Não tem dúvida. Não tem dúvida.
49:10
90% é dieta. O sono é importante? É. A gente sabe que indivíduos que têm privação do sono têm uma tendência a desenvolver resistência à insulina. A questão da atividade física, quanto mais massa muscular você tem, melhor você lida com a glicose. Então o músculo é a nossa reserva de glicose, então indivíduos que têm mais massa muscular conseguem lidar melhor com isso.
49:40
Então é importante fazer a musculação, ter mais massa muscular. Eu diria assim, você quer prevenir obesidade, você não quer ter problema disso, tenha um sono adequado, um sono reparador, faça musculação, não precisa se matar na academia, mas faça musculação pelo menos aí eu diria umas três vezes na semana. Exercício aeróbico eu acho que é ok, é bom, mas não…
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não botaria como uma estratégia pra perda de peso, mas por questão de bem estar, é uma coisa que dá bem estar e tal, o indivíduo que começa a fazer ele no início ele não tem, com certeza, ele só tem dor, né, mas depois que ele tá bem adaptado, ué, uma das coisas que mais me dá prazer é o dia que eu vou jogar tênis, oa, como eu adoro aquilo, pra mim é terapêutico, né, porque você sai do trabalho cansado e você vai lá e dá uma corrida e como dorme bem depois, né, como a gente dorme bem depois da atividade física.
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Então, eu acho que o pilar é o primeiro disparado, é a alimentação. Não tem como você compensar uma alimentação ruim com atividade física. É muito difícil. Então, o pilar é difícil. É uma prática comum. Muito, o cara acha que porque ele corre uma horinha por dia, ele pode extrapolar na alimentação. E daí é pior, porque daí o cara está acindo do peso e está correndo. Daí ele vai sobrecarregando o joelho, daqui a pouco ele se lesiona.
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né, então o primeiro pilar é a alimentação, o segundo é a atividade física e dentro da atividade física eu botaria um parênteses aí para musculação e o terceiro é ter um sono reparador, né, manejo do estresse, ok também, né, questão do cortisol e tal. E sobre atividade física só para a gente agregar um pouco aqui, como a gente aqui do Atásclocarb tá no meio esportivo, só para a gente enriquecer é comum
51:35
A gente vê maratonistas, ultramaratonistas, atletas de Ironman com sobrepeso. A alimentação errada, o que mais que se exercite muito. E o outro ponto, é comum ver, por exemplo, doutor fisiculturistas com diabetes, com hipertensão, com gordura no fígado, a alimentação também. Pode ter a predisposição genética, pode, mas é, cara, é pífio isso, né? O impacto maior também está na qualidade da alimentação, né? Não tem dúvida, André. Não tem dúvida. Tu frisou muito bem. A gente vê…
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direto, esses tempos aí teve o Ironman aqui em Floripa, e é exatamente a gente vê isso, aquele indivíduo, e daí o seguinte, o cara acha que está fazendo um benefício para a saúde dele, é um cara que tem risco aumentado para ter doença cardiovascular, é aquele cara que daqui a pouco está fazendo atividade física, ele cai duro, entendeu? Porque ele acha que ele está bem, ele está ali fazendo atividade física dele, mas é um cara de risco aumentado.
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E tu vê, o Ironman é um negócio que tem um gasto energético absurdo. Como é que o cara pode estar acima do peso? Pois é, um atleta mediano, com boa performance, mas mediano, vai terminar em 10, 11, 12, 13 horas. 13 horas de atividade física. Cara, e com sobrepeso. Então não é o exercício físico que vai emagrecer, é a alimentação, né? Não é. E eu sempre falo isso também, é o seguinte, se fazer atividade física fosse uma coisa que…
52:58
desperdiçasse uma energia enorme, a gente não teria evoluído nem como espécie. Porque se tu parar pra pensar na época das cavernas lá, o cara acordado de manhã não tinha nada. Não tinha comida. Não tinha geladeira, não tinha armário, daí o cara saía pra tentar pegar alguma coisa, às vezes não pegava nada. Né? Então, o corpo é inteligente, ele foi feito pra armazenar energia, porque a gente evoluiu como espécie em regime de escassez. Hoje a gente tem excesso de oferta. Então isso é um problema.
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Perfeito, a gente falou aqui no começo da live um pouco sobre a bariátrica. Boa parte, boa parte, né? Não vou falar todos, mas boa parte das pessoas que fazem bariátrica, elas querem ser emagrecidas, elas não querem emagrecer. Mas independente de fazer bariátrica ou não, eles vão precisar melhorar o estilo de vida. Mas antes da bariátrica, muitas pessoas procuram soluções milagrosas, doutor, e eu vou pontuar duas. Uma, são shakes, a base de ervas, em que inclusive tem muitos estudos mostrando os riscos de sobrecarga renal e hepática. E uma outra ferramenta…
53:58
são remédios emagrecedores. Eu queria a tua opinião sobre isso. Existe chá, o remédio, o emagrecedor?
54:06
E cheio que absolutamente não, né? É uma coisa que além de não ser sustentável, sei que você falou, muitas vezes bota o indivíduo em risco. A questão dos medicamentos nos últimos anos, a gente tem tido uma revolução aí nesses tratamentos, essas drogas mais novas que inicialmente foram desenvolvidas para diabetes, né? Os análogos do GLP-1, a gente só deve conhecer aí como o saccenda, o zempique,
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e posteriormente eles foram aprovados para o tratamento da obesidade. De fato, levam a uma perda de peso na grande maioria das pessoas, mas existe um efeito rebote quando retirado. Não sou contra o uso desses medicamentos, mas acho que devem ser muito individualizados. Hoje está sendo um problema também, porque eles são vendidos sem receita, os indivíduos cheguem na farmácia e podem comprar.
55:06
Existe um risco aumentado, que se sabe até hoje, para câncer de tireoide, né? Então, indivíduos que tiveram câncer de tireoide, ou tem histórico familiar, câncer de tireoide, tem que ter muito cuidado na utilização desse medicamento. Até onde eu sei, os outros trabalhos, assim, com o follow-up maior, não mostraram aumento de risco para outros tipos de tumor, mas do ponto de vista de mecanismo, é uma coisa que a gente tem que ficar atento, porque uma das coisas que eles fazem…
55:34
com esses medicamentos e aumentar um pouquinho a secreção de insulina, né? E a gente sabe que a insulina é um hormônio que estimula divisão celular, estimula proliferação celular, então, em teoria, isso é ao menos uma luz de alerta, assim. Mas eu não sou contra, não, eu acho que eles devem ser, só que eu acho da mesma maneira da variada, que eles foram banalizados, eles podem ser vendidos sem receita, o indivíduo só chega lá e comprar.
55:58
Eles têm uma série de efeitos colaterais, o indivíduo acaba perdendo peso às vezes até pelo efeito colateral, porque o que eles fazem é retardar o esvaziamento gástrico, né? O GLP-1 faz isso e daí dá a sensação de saciedade. Agora eu sempre brinco com pacientes também, eu falei, o que libera GLP-1? Uma das coisas que mais libera GLP-1 é proteína e gordura animal, né? É só o cara pensar, quando o cara vai numa churrascaria ao meio-dias, tu come um monte de carne, tu vai chegar à noite em casa e tu fala assim…
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Pô, parece que a carne tá lá ainda. Tá, ela tá lá, porque você liberou o GLP-1 pra retardar o desvaseamento gás, que a digestão disso demora mais, então o teu corpo faz isso pra ajudar no processo de digestão. Só que você ficar comendo um monte de porcaria e daí usa o Zempic pra tratar, é complicado? Tá, altamente banalizado e…
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fabricante na laboratória, ele precisou colocar o aviso lá no site, né, que tem vários riscos, enfim, pode ser meio pesado e aí precisa ser utilizado da maneira correta, né, com a recomendação correta e como muleta, né, doutor? Pelo menos eu entendo isso, não como solução, porque depois ela vai ser retirada e o indivíduo vai precisar melhorar o hábito, o estilo alimentar, o estilo de vida. Exatamente, ela é uma muleta, ela é uma, como o doutor Rodrigo Bomili fala, ela é uma boia,
57:19
De fato, essa é a questão, mas você não vai ficar com a boia para sempre, tá? Então, a gente chega a um determinado momento, vai ter que aprender a nadar. Então, essa é a questão, acho que ela é utilizada e outra coisa, é caríssimo, né? São remédios caros e que, assim, não é qualquer um que pode bancar isso. Então, quando a gente pensa na questão da obesidade, a obesidade é uma doença que está crescendo principalmente nas populações mais carentes.
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e são indivíduos que não têm acesso a esse tipo de coisa, mas quando a gente pensa numa cesta básica, o que que tem lá, né? É farinácea, óleo vegetal refinado, é açúcar, aquilo ali do ponto de vista nutricional não tem absolutamente nada, né? Então, não é à toa que a obesidade está crescendo nessas populações, principalmente, está crescendo como geral, mas na faixa etária, que, desculpa, faixa econômica em que ela mais cresceu, foi na população mais carente.
58:19
Doutor, tem uma pergunta aqui no Instagram. Sofro de diabetes e síndrome metabólica, fiz bariátrica há 4 anos e não me libertei dos medicamentos.
58:30
É, uma bariátrica não é uma certeza de que você vai se libertar. Agora, é claro que perder peso ajuda, né, ao menos ajuda. Agora, engraçado isso, porque o que a imensa maioria dos trabalhos com low carb mostra é que indivíduos diabéticos, se não colocam a doença em remissão, ao menos eles têm uma redução considerável no uso de medicamentos. Muitas vezes com retirada de insulina, indivíduos que utilizavam insulina.
59:00
redução da dose dos medicamentos, retirada dos medicamentos, isso é quase que universal. Eu conheço muitos indivíduos que fizeram bariátrica e hoje, em fato, são operados e que começaram a seguir Loucário depois e tem uma melhora fantástica. O fato de ter bariátrica não é um impeditivo a fazer Loucário.
59:26
O Valdelene perguntou aqui, ó. Esses remédios no YouTube, esses remédios tomados por pessoas que não têm diabetes, quando param, podem desenvolver diabetes, esse é o efeito rebote? Não, não tem esse trabalho mostrando isso, tá? Eles, pessoas que, eles foram aprovados já até para tratamento de obesidade, existe um outro aí que deve estar entrando no Brasil, acredito que em pouco tempo, e que foi o que deu o melhor resultado aí para tratamento de obesidade.
59:55
Mas a questão é que tem um efeito rebote de reganha de peso, né? E daí se a pessoa reganha peso, você tá acima do peso, é um fator de risco pra ter diabetes, né? Então, você tem que, como a gente tava falando, tem que botar na cabeça que pra ter resultado diferente vai ter que fazer coisas diferentes do que fez até agora. Não existe milagre.
01:00:19
não existe milagre. Doutor, sobre jejum, eu costumo falar que para emagrecer não precisa jejuar, mas naturalmente para quem começa a comer comida de verdade, a saciedade aumenta a tal ponto que vai chegar o momento de pular uma refeição. O jejum chega naturalmente. E o jejum, do ponto de vista do emagrecimento, da saúde metabólica, do teu ponto de vista, como o jejum pode ser empregado nesse cenário? Eu acho que o jejum ele é uma ferramenta adicional.
01:00:49
ele potencializa os efeitos de uma dieta low carb. Isso pra mim é bem claro. Como você falou, ele entra de maneira automática, tá? Eu hoje quando eu faço esse, que eu pulo uma refeição, às vezes eu não pulo nem de maneira proposital, eu pulo porque o meu dia a dia tá corrido, eu tô trabalhando, tô fazendo… Então às vezes pra ganhar tempo eu pulo a alimentação e eu vou e tranquilo, isso é uma coisa natural, não fico ruim por causa disso. Pra mim isso era impensável há cinco anos atrás.
01:01:19
não é impensável, se eu ficasse sem almoçar um dia, meu Deus do céu, eu passava mal, eu ficava mal humorado, hoje não, é uma coisa natural, o jejum ele vem naturalmente para quem faz o ocado, isso é fato, e eu acho que ele potencializa os efeitos, a gente sabe que o jejum ele tem uma série de benefícios hoje, um deles é um melhor controle glicêmico, baixar os níveis de insulina, tem essa questão de, um mito
01:01:47
Se a pessoa jejuar, ela vai perder massa magra, o que não é fato, os trabalhos mostram que não é isso que acontece, porque é o aumento da secreção do hormônio de crescimento na tentativa de preservação da massa magra. Existe esse mito também de que há uma diminuição da taxa metabólica basal, e na verdade os trabalhos mostram exatamente o contrário, porque existe um aumento da secreção dos hormônios contra reguladores, entre eles noradrenalina e glucagon.
01:02:14
que a taxa metabólica basal até aumente, né? Então, eu acho que ele é uma ferramenta fantástica. A doutora Maíra Assulliani deu uma palestra muito legal nessa terceira edição do evento e ela diz, aqueles pacientes que às vezes não querem fazer low carb e se adaptam muito bem ao jejum, pode fazer o jejum isoladamente? Pode, tem pessoa que consegue e eu acho que é uma estratégia, mas quando você associa as duas coisas o resultado é fantástico. Low carb associado a jejum você
01:02:46
Ótimo! No Instagram doutor. É comum na menopausa ter esteratose hepática? Como melhorar?
01:02:55
Eu acredito que mulheres que entram na menopausa têm uma tendência a ganhar peso, né? E daí talvez por isso eu aumento a esteatose. Não existe uma relação muito clara entre a esteatose e a menopausa em si, mas acho que eu ganho de peso. Como melhorar? O tratamento de esteatose hepática basicamente é perda ponderosa. De qualquer maneira que você perder peso, a esteatose vai melhorar, dependendo da estratégia. Isso é fato. Os trabalhos mostram que perdas na ordem de 10%…
01:03:25
leva a remissão da esteatose, ou seja, se o indivíduo está com 90 quilos e ele perder 9 quilos, a tendência é que a esteatose vai sumir. Porém, a maneira mais fácil que eu vejo de fazer é fazendo low carb, porque o indivíduo perde esse peso sem passar fome e atua na raiz, uma das raizes do problema que é o carboidrato.
01:03:48
Pra gente encerrar, doutor. Agora, a pergunta do tema da live, obesidade tem cura? Obesidade tem cura, desde que o indivíduo modifique aquilo que levou ele até aquela condição. Aquilo que a gente frisou durante toda a nossa live aqui. Não tem como ter resultado diferente fazendo as mesmas coisas. Às vezes o indivíduo chega no consultório, ele quer emagrecer e daí você fala, tem que tirar o pão e ele fala, ah, mas não vou conseguir.
01:04:15
não tem como, você não vai conseguir resultado diferente fazendo o que você fez até agora. Então tem que modificar hábito, tem que implementar às vezes uma atividade física, tem que ter a questão do sono reparador e o meu ver hoje a questão da cirurgia, eu não sou contra cirurgia, eu acho que são situações que podem ajudar o indivíduo, porque às vezes é um indivíduo que tem um risco muito alto, a cirurgia para ele…
01:04:41
vai trazer benefício, vai trazer aumento de sobrevida, melhora de qualidade de vida, mas que de fato as pessoas buscam uma solução milagrosa e rápido na cirurgia, isso sim. Então a pessoa tem que ir para uma cirurgia bariátrica, ela tem que ter em mente que ela vai ter que modificar o hábito, entendeu? Então às vezes por que você não tenta modificar o hábito antes de ir para a cirurgia? Às vezes o indivíduo já tentou vários tratamentos e tal.
01:05:06
Mas você vai ver o tratamento que ele fez, é o convencional, é a restrição calórica, é usar um medicamento para inibir o apetite, é coisa assim, que isso realmente, isso de fato não é sustentável, isso a literatura está cheia, não é. Se fosse sustentável a gente não estava aqui hoje conversando sobre isso, né? É porque isso não funciona, para a grande maioria das pessoas não funciona. Então, tem que tentar coisa diferente. Agora, tem cura? Tem? Com certeza.
01:05:39
Doutor Carlos Bastian, muito obrigado, deu a nossa hora aí. Cara, que honra tê-lo aqui, doutor, muito obrigado pelo seu tempo e pela colaboração, tá bom? André, eu que agradeço, ótimo estar conversando aqui contigo e estão à disposição, quando quiser, estão aí pra bater um papo. Obrigadão, doutor, um abração, um beijo no coração a todos, tchau, tchau e até a próxima. Um abraço, tchau, tchau.